segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Carta de amor para o amor


Nasci. A vida toda o sentimento me tocou. Fui sensível. Arrepiei, senti, chorei, angustiei. Sonhei amar um amor que sempre achei não merecer. Lutei até não merecer de fato. Todos os que me quiseram dar eu não quis, de todos os que eu quis... não me veio amor.
Na ilusão da criança que habitou e habita em mim, o amor era puro. O amor era mágico. O amor era o domingo de manhã. O amor era reunião entre famílias. O amor era olhar apaixonado. O amor era admiração. O amor era eu casada, bem sucedida e com filhos aos 23 anos. O amor era único e eterno. Era eu no vestido, ele no cavalo branco. Era doce. Era leve.
Na ilusão da adolescente, conflituosa por essência, o amor era dano. O amor era fuga. O amor era fraqueza. E eu fugi de todas as minhas fraquezas. E eu não quis ser fraqueza de ninguém. Nunca ousei pedir amor, nunca ousei me sentir merecedora de amor. Mas sempre fui amor por completo. Fui paixão também, mas a “platonicidade” do amor me encantava. Eram as famosas borboletas no estômago. Músicas que caiam como luva para o meu amor. Noites sem dormir. Coração acelerado.  Declarei-me uma só vez. E com ela veio toda aquela frustração. Doeu. E na ânsia de gritar amor, fechei-me em sete chaves.
Cresci sem querer crescer. A criança pura e a adolescente intensa deram lugar para a adulta conflituosa. E quantos conflitos. Aquela chuva de informações e padrões me levaram lá embaixo. Como poderia receber todo aquele amor se tudo me mostrava que eu não o merecia? Aqui, o príncipe já havia assumido várias formas, confesso que nenhuma atendendo aos famosos padrões. Os meus amores foram sempre de dentro pra fora, no olhar, nas palavras, no silêncio. Os meus amores foram sempre escondidos por mim de mim. Até que veio aquele momento diferente, onde o sentimento se uniu à escolha. Escolhi aceitar. Escolhi crer. E aos 23, eu ainda era insensatez.
E dentre escolhas e conflitos, o amor veio. E eu o senti como criança, adolescente e mulher. Eu o senti em todos os aspectos. Amei o quanto pude, senti-me amada em muitos aspectos. E a vida me mostrou que todo aquele medo e insegurança que temos ao nos doar, funcionam parcialmente. Pois uma hora nos entregamos. E uma hora nos machucamos. E dói a alma. E julgamos não sermos capazes de seguir em frente, até nos preenchermos de mais amor ou de um novo amor. Mas se vai doer, por que não deixar que doa de uma vez? Por que não crer que a cada início e reinício as coisas possam ser diferentes?

Amor, talvez meu erro tenha sido depositar você no outro, quando na verdade quem eu mais deveria amar estava ali, em meio a tantos conflitos, querendo um sorriso meu, querendo me ser, ter-me. Descobri que muito mais do que sentir, você se faz na escolha, no querer, na luta. E ainda assim... como eu te prezo, amor.

domingo, 3 de maio de 2015

crises

Eu sou formada por crises. Crises de risos que me deixam sem fôlego. Crises de choro que lavam a alma, às vezes com uma alegria profunda, por outras com uma tristeza que me diminui e faz crer que sou o menor dos seres.
Crises de angústia, de ira, de gula, de luxúria e de todos os outros pecados. Sou formada por inconstâncias, por altos e baixos, por misturas e mudanças de sentimentos que muitas vezes me levam à incerteza do ser, não ser e querer ser.
Entrego meu destino a nós. Meu sonhar é coletivo, mesmo no individual. E daí vem a sombra. Apoio-me na distinta criação, meu consolo é sentir, de qualquer jeito, seu coração. Seus desejos muitas das vezes envolvem tão somente você. Conhecer gente nova, mudar, viajar, estudar um novo curso. Diz que é por nós.  Não há erros em fazer apenas o que se quer. Há?! Fazer apenas o que sente vontade de fazer. Não há vida sem sonhos. Você sabe quais são os meus? Devemos buscar sempre aquilo que nos preenche, mas será que tudo o que sonha em te fazer feliz, precisa me deixar sozinha? Não há sonhos que envolvam nós dois no mesmo caminho? Será que todo o resto é feito por obrigação? Amas quem eu amo apenas por me amar? Será que para por aí? Abro mão de muita coisa por apostar em ser feliz entre nós dois. Faço isso com o coração em paz, mas somente enquanto me sentir segura em fazer. Não sei viver em inconstância. Ou somos claramente por nós dois, ou eu não aguento ser só por você e nem te ver goela abaixo sendo por mim.

domingo, 12 de janeiro de 2014

vida.

Acredite, mais do que estar "competentemente" pronto para o mundo é ter coragem para por os pés fora de nosso casulo e enfrentá-lo. Digo, enfrentar todas as adversidades, mudanças, desafios e coisas boas também, afinal, muitas vezes não estamos prontos para as coisas boas que a vida pode nos proporcionar.
Confie, as pessoas que você mais ama, são também as que te amam e que te querem bem, que desejam aplaudir sua vitória. Então, seja como for, busque sua felicidade, busque muito mais do que sonhar. REALIZE! E se não der certo? Tente de novo. E se não der novamente? Nem tudo na vida sai exatamente como planejamos, e aí entra a nossa capacidade de saber lidar com frustrações, de perseverar ou muitas vezes de ter a nobreza de "deixar pra lá" e buscar novos sonhos que nos façam tão felizes quanto imaginamos.
Conforme-se, muitas vezes o caminho vai ser doído, a caminhada será árdua, as coisas darão errado, a vontade de desistir será latente, mas isso não quer dizer que não valerá à pena no final. Conforme-se, no entanto não se conforme, você é absurdamente capaz de conseguir.
Releve, não podemos planejar tudo. Não podemos abraçar o mundo. Não podemos mudar as decisões já tomadas, tão pouco resolver problemas e destinos que não nos pertencem. Ninguém deve ser tão egoísta ao ponto de não enxergar o próximo, porém, às vezes é preciso que façamos coisas em prol de nossa felicidade.
Entenda, a vida é curta demais para ficar por anos estagnada, ao mesmo tempo tão rica, tão cheia de conhecimento, mas muitas vezes tão vazia e só. O tempo quem faz é a gente! Mude, ou não mude, desde que esteja disposto a entender que por ora essa é sua vida, seu jeito, mas que não há problema algum em querer ser e fazer diferente. Perceba, ninguém fará isso por você.
A coragem, o medo, a vontade, os sonhos, os desejos, a raiva, a dor... tudo faz parte de um todo que é você. E você deve saber que nada é melhor do que se libertar, permitir-se sentir intensamente tudo isso hoje, e amanhã acordar livre, sereno, determinado.
Corra, busque seus sonhos, não deixe que eles se cubram de pó na prateleira do quarto. Conheça gente nova, reconheça os antigos que já não fazem parte da sua vida, e o principal: conheça e reconheça você, saia da tua reflexão mais íntima e explore novos lugares, novos caminhos, novos sonhos, novas vontades.

Ouça! Nada disso é tão difícil quanto não ter coragem de se arriscar. O gosto do viver é incomparável!

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O tempo nos leva quem não nos é por direito
São outros ventos, outras horas, outros instantes
E o tempo deixa quem tem que ficar
Há quem foi guiado pela morte
Há quem vai levado pela vida
E é preciso ser razão para perceber
mesmo após tantas tentativas frustradas
que quem foi nunca de fato esteve aqui.
Mas se deve prestigiar também quem ficou
os intocáveis pelo tempo, pela vida, pela ausência
Para esses são destinados todos os amores, todas as dores
São destinados todos os sentimentos
Até o dia de não nos serem mais.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

heróis esquecidos

Infelizmente o tempo, às vezes, é mesmo muito injusto com algumas pessoas. Vivemos tanto tempo fazendo as coisas pensando no nosso futuro e nos outros, e quando nos damos conta muita coisa já passou, muita coisa foi perdida.
Muitos de nós somos assim, mudamos partes de nossas vidas pelo próximo. Acredito que no mundo tenham várias pessoas que agem dessa forma, que se colocam de lado para fazer pel
o outro, para cuidar, educar, dar amor. São sacrifícios que muitas vezes não são reconhecidos. Vejo isso em pais, mães, avôs e avós por aí. É alguém que você admira e que está do seu lado em momentos bons e ruins, nas alegrias e tristezas, durante toda vida, mas que por algum motivo, em algum momento é deixado de lado.
O tempo é cruel com as pessoas, não sei até que ponto o avanço científico para prolongar a vida é válido. Você vive a sua vida fazendo pelos outros e quando precisa receber, nem que seja um pouco de amor, encontra-se só. O tempo passa, as limitações vêm com ele, as pessoas passam por sua vida, você passa pela vida delas, mas o que fica de tudo isso?
É triste demais ver que em muitos casos, você vive a vida para chegar ao fim dela e ser esquecido por tudo o que fez e tentou fazer. Rala o tempo todo, faz tudo o que está ao seu alcance e depois ainda em vida, parece não existir mais. Torna-se um peso para alguns e em outros casos nem isso, pois inexiste na vida dos que passaram por você e que são fruto do seu esforço, do seu amor.
Muitas das pessoas só se tornam heróis depois que morrem, quando muitos choram a sua volta e lembram o quão bom você foi enquanto viveu, ainda que não tenha sido. Justificam a ausência, a falta de consideração e a ingratidão com a falta de tempo, os problemas e as dificuldades do dia-a-dia, como se isso não existisse na vida de qualquer um.
Um abraço, um carinho, uma ligação, uma visita, um reconhecimento podem fazer muita diferença para quem tem tantas memórias e tanto amor guardado no coração.
Quem são seus heróis? Quem são os responsáveis pelo seu sucesso, pela sua saúde, por você estar aqui hoje?

domingo, 5 de agosto de 2012

Rezo, não oro. Mas não é uma coisa que defini por mim, apenas sigo um costume da família. Frequento a igreja raramente, mas benzo sempre que passo em  frente de uma. Creio no meu Deus, no meu papai do céu, mas não da maneira como defendem as mais diversas religiões.
Na vida, dou o meu melhor, luto pelo que quero, tento sempre tratar bem e fazer o bem ao próximo. Não tenho o costume de beber, muito menos de fumar. Não uso drogas, trabalho e estudo.
Julgadora? Sou sim, um pouco. Mas creio que todo mundo é, ainda que minimamente, está na essência do ser humano observar, comparar, interferir, achar certo ou errado.
Se sei alguma coisa sobre o que as religiões pregam? Se sei diferir com propriedade umas das outras? Muito pouco, quase nada. Mas sei que o meu Deus está comigo sempre e o vejo como algo além, algo maior que nós, que utilizamos para nos apoiar, para ter a quem recorrer, para não nos sentirmos pobres de espírito, vazios ou sem rumo. 
A minha ignorância na área não me permite afirmar se acredito e confio no que é passado para a população sobre os diversos santos,deuses ou até mesmo sobre o menino Jesus. A única coisa que não me convence é querer atribuir a um mundo tão evoluído princípios e comportamentos ainda antigos e não comprovados como verdades. 
Defendo a crença em qualquer área, mas sem o fanatismo, sem aquela loucura que nos impede de ver que não podemos obrigar o outro a pensar como a gente. Defendo porque somos, ainda hoje, fracos. Não sabemos, por vezes, nos guiar num mundo tão dinâmico, no meio de tantos bilhões. Nos perdemos. Ficamos frágeis, sem rumo, buscando razão por estar aqui, por existir, tentando entender o porquê de tudo, o motivo de alegrias estrondorosas e tristezas incompreensíveis. Por que eu? Por que comigo?
O ser humano precisa ter em que se apoiar, e dentre drogas, bebidas, crimes, famílias desestruturadas e amizades erradas, penso que a religião ainda seja a melhor saída para a humanidade. Se não a religião, pelo menos a crença em qualquer força maior que nós e que pode guiar um caminho que não conseguimos sozinhos.
Crer faz com que não fiquemos abandonados em meio a tantos sentimentos. Crer em alguém ou em algo. Mas não confunda a palavra crer com a loucura que sega e faz alguém acreditar que é melhor que o outro por suas convicções, que faz o homem julgador por levar uma vida que o pregador prega ser a ideal. Não tente me convencer que os dízimos abusivos me levarão para o céu, que a opção sexual vai me tornar menos ou mais merecedor do amor, ou que frequentar a igreja e dizer e postar coisas por aí vai me tornar menos pecadora.
A minha índole me define. Errar, prejudicar o próximo, cometer atos que estão a margem do que a sociedade julga como o certo e depois apagar tudo e sair pregando e condenando para mim não serve. Temos que ter em mente o que de fato somos independente de religião, antes mesmo de fazer algo de que podemos nos arrepender. Todos merecemos o perdão, a segunda chance, claro! Mas também todos temos o direito de ser quem somos e acreditar no que nos esclarece e fortalece da melhor forma, e não pelas metades.
Somos livres por lei e por essência, pois nos deixem, então, encontrar a nossa religião, aquela que nos dá razão para viver, que não está pré-determinada, conceituada, cheia de sim ou não, de certo ou errado, de pode e não pode.